Também eu perco as vontades. As minhas vontades. As minhas forças. A realidade é cruel e comê-nos pedaços de sonhos. Eles devolvem-me as vontades. Dão-me um sorriso, retribuem um abraço. Adoçam a minha vontade e razão de viver e desfocam a minha fraca razão para morrer e desaparecer. Se bem que, a razão para desaparecer nunca desaparece em ninguém. Por algum motivo! Por alguma causa que eu desconheço, esse será um sentimento que nunca se desfigura em sonhos. E continua fixo na realidade. Na minha. Na tua. Na nossa. Do mundo. Quem não desejou desaparecer quando, tudo pareceu desmoronar-se em peso em cima de nós e sufocou-nos de tal maneira que acabámos por ceder. Quem não quis fugir. Correr. Esquecer. Quem no fim não desejou voltar. Parar. Que vontades não percorreram já os corpos humanos milhares de vezes. A reproduzirem-se sem conta. Armadilhadas. Afundadas.
Desejos mau enleiam-se com desejos bons. Desejos bons prevalecem face aos desejos maus. Número de desejos maus: 100 , número de desejos bons: 1. Desejo bom é apenas um, com força de mil. Com felicidade de mil. Desejos maus são cem, com força de cem. Cada um com o seu porcento. Cada um com a infelicidade de cem.
Alguém fez a felicidade de um, outros fizeram a infelicidade de cem. Eu hoje escolho fazer a felicidade de um. Amanhã, talvez faça a infelicidade.