Consegues vê-las lá ao fundo? Grandes, e brancas a brilhar com a luz do sol. Reflectidas na água do lago, azul-marinho. As penas reluzentes que te protegeram durante tanto tempo, abriram mostraram-te o mundo: as coisas boas que podes encontrar nele e as coisas más das quais tens de te desviar. Ensinaram-te a distinguires, amigos verdadeiros de todos os outros. Mostraram-te quando tens de ser de prata e não deixar ninguém conseguir moldar-te, enfeitiçar-te e apontas-te que um dia te irias poder moldar e encontrares aquilo que te faz ser especial, demonstraram-te como alguém te pode fazer sentir diferente e como é que o faziam, não gostas-te dessa ideia. E ainda não gostas. Não sabes se estás suficientemente preparada para deixares as tuas asas de prata dentro de uma gaveta do armário. Elas sabem avisar-te que, quando as arrumares será porque alguém já te dá a protecção que um dia te fugiu debaixo dos pés. Abanas que não com a cabeça, e dizes em tom irado, que não estás preparada, que sempre que tentas voar sem asas de prata acabavas por cair em voo picado, e com medo de um dia teres a pouca sorte de chegares a bater no chão negas e ideia de as tirares e continuas com pé firme sobre o assunto. Elas querem dar-te a volta, já está na altura indicada, foram elas que acabaram por te moldar e tu não reparas-te. Quando mais cedo as arrumares e as deixares descansar, melhor. Não vais voltar a ser a mesma, vais ser muito melhor!