Day 02

Eu podia até falar do Tomás ou do Rui, mas com 2 anos eu sentia o que a minha mãe me dizia para sentir, do Vicente ou do David, mas 7 anos ainda é raso e bastante imaturo para se distribuir como amor, ou do Paulinho, o que suspeito que sentir uma amizade forte não é posto no estatuto. Resta-me então falar daquilo que até hoje foi o que de mais forte senti e sem qualquer dúvida, consigo-o classificar como amor. Talvez até possam dizer, que ainda não sei o que é o amor e que nunca o senti, mas, posso perfeitamente dizer, que foi a única coisa que vocês podem considerar como muito perto disso. Para vocês foi um muito perto, para mim foi um muito grande. Foi, ainda é, e daí concluo que vai ser durante algum tempo... Recente e bem vivo na minha memória, na minha pele, em tudo, porque, se foi mesmo esse amor que eu o considero, vai-me estar sempre cravado na memória, porque o primeiro é sempre o primeiro. Depois de ver e rever todas as imagens, contar todos os dias e ler todas as palavras que gravei para mais tarde recordar, sinto que contar este amor detalhadamente é impossível, pelo menos para mim. Foram semanas, meses, e finalmente um ano e qualquer coisa a fugir ao que o meu coração realmente queria. A tentar apagar tudo aquilo que ia aumentando hora a hora. O facto de no principio não o querer, só fez com que ele dura-se e aumenta-se e forma-se toda aquela gigantesca emoção. Para ser bastante sincera, irritava-me tudo. Tudo o que me diziam, que me faziam, eu desprezava e criticava porque só tinha a noção que não tinha controlo sobre nada, e que só estava a piorar. Tinha-me chateado com um amigo especial, do qual eu tinha saudades, e dentro da minha cabeça eu não estava preparada para nada. Nada que me magoa-se outra vez. Pela "sorte" do acaso, encontrei o que não queria e tive de refugiar dentro de mim, algo que não queria estar escondido... Era inútil para mim, tentar difundir o que eu sentia, e elas, como é óbvio, foram as primeiras a abrir os olhos e a piscar-mo vezes e vezes sem conta."Elas sabem, mas eles não", era o que mais vezes me passava pela cabeça e desde que eles não soubessem, o meu coração estava são e salvo de se partir outra vez. Não posso dizer que o amor não é o melhor sentimento do muito, porque é. Curou-me a desilusão que tive com um amigo, curou-me alguns problemas pessoas e pelo simples facto de o sentir, curou-me a mim. Mas como em todo o segredo, há que aguentar toda a condição que contribui para o facto, de não ser retribuído. Calei-me como faço e fiz sempre. Havia dias bons, dias maus… Havia dias e para mim haver dias com ele já me ganhavam muito. Soube de coisas que nunca ninguém achou que eu sabia, e para meu espanto, fui adulta o suficiente para os levar para a frente de cabeça erguida. A culpa não era dele, nem de ninguém e nunca fui capaz de as distribuir. Para curiosidade alheia, não. Não deixei de ouvir o coração a bater tão rápido como uma bomba, nem de sentir a minha barriga dar nós consecutivos. Não parou, ainda não parou. Os dias passam, os meses acabam, as mensagens começam, as conversas aumentam, as provocações começam ( não é que eu nunca tenha gostado de picar contigo, sempre adorei ), a cumplicidade que acabámos por ganhar, a química que presumo que sentíamos, tudo isso ganhou uma força incrível e eu nem sei como. Podia referir que o que eu sentia tinha aumentado, mas era impossível, porque já estava no limite. Estava a bater nos, cem porcento e se houvesse mais qualquer coisa arrebentava. Um ano depois. O resto é história gravada. Os amo-tes descontrolados e a minha satisfação em dizer amo-te, eu podia lhe dizer amo-te. Podia fazer-lhe tudo o que eu me apetece-se, e não me preocupar. O que mais me vem á cabeça? A primeira vez que saímos depois de termos dito que gostávamos um do outro, e a despedida ao portão. Sinto que cada vez que olhava para ele, estava cada vez mais perto, sinto-me a tentar arranjar forças para lhe dar um beijo, mas não me arrependo de não o ter dado nesse dia porque, e sem sombras de dúvida, o primeiro beijo foi inexplicável e muitas vezes, dou por mim, a repeti-lo na minha cabeça vezes sem conta á procura de um cheiro, de um toque, de um gesto que encontro sempre. A música que estava a tocar e que hoje me faz chorar, a mão que eu, por simples vontade, lhe dei e o que eu sempre adorei fazer; deitar a minha cabeça no peito dele e ouvir o coração dele a bater. Estava tão forte, lembro-me bem. Dentro da minha cabeça só se ouvia "levanta a cabeça Madalena e VÁ!", e levantei. Levantei e beijámo-nos pela primeira vez, e dessa não me esqueço tão facilmente, devido á perfeição com que ocorreu. Os outros dias passaram a correr sempre com o cheiro do perfume dele, que eu adorava, nas minhas roupas. Mas como ele disse, tudo o que é bom acaba depressa, para meu mal, que cada vez que estava com ele o coração me saltava pela boca. Não era fácil estarmos juntos, apesar de eu sempre tentar. Ele não me pode culpar de não tentar, mesmo que ache o contrário. Não me pode acusar de não ter gostado dele, porque a única coisa que ele me pode acusar, é de ter gostado dele demais. E se tivesse mesmo gostado o mínimo possível, hoje o meu coração, já partido, não batia ainda com a mesma velocidade de sempre, a cem porcento. Sempre no on. Não cheguei a ainda nenhuma conclusão para o que aconteceu, o que está a acontecer, mas se for uma alternativa dele para me tirar do resto do corpo dele, espero que tenha sorte, porque eu ainda não espero conseguir tirá-lo do meu. Um ano, e ainda a contar... o teu ainda conta?